A vacinação consiste na estimulação das defesas do organismo (sistema imune) de um indivíduo através da exposição a microorganismos, partes de microorganismos ou seus derivados. Esta exposição precoce, antes da infeção, permite que o sistema imune seja estimulado e “ensinado” a reagir contra o(s) microorganismo(s) administrado(s), protegendo assim o indivíduo de infeções futuras ou infeções graves.
As vacinas estimulam o sistema imune a reagir e eliminar o microorganismo, tal como acontece numa infeção natural. Contudo, como nas vacinas apenas são utilizados microorganismos mortos, enfraquecidos ou fragmentos destes vírus e bactérias, esta estimulação do sistema imune ocorre de forma segura.
A vacinação, para além da proteção individual pode também conferir imunidade de grupo, diminuindo assim a circulação e transmissão de microorganismos entre indivíduos de uma população protegida por elevadas taxas de cobertura vacinal.
A vacina contra a COVID-19 estimula defesas do organismo que nos podem proteger contra a infeção por SARS-CoV-2 ou de complicações graves que lhe possam estar associadas.
As principais diferenças entre as vacinas são o modo como induzem o organismo a adquirir imunidade (defesas contra determinado agente agressor). As vacinas atualmente em utilização para a prevenção da COVID-19 são de mRNA – nestes casos, após a administração da vacina, ocorre a produção de uma componente do vírus no organismo do próprio indivíduo que, por sua vez, vai estimular o sistema imune a desenvolver defesas. Em estudo estão outras vacinas cujo mecanismo de ação é o “tradicional” em que são diretamente injetados componentes do vírus, contra os quais o sistema imune cria defesas. Em relação à vacina contra a COVID-19 não há, até à data, evidência que permita inferir que um mecanismo seja superior a outro. Neste momento, as vacinas em utilização em Portugal são de RNA.
A primeira vacina aprovada pela Agência Europeia de Medicamento foi a Vacina Comirnaty (da BioNTech/Pfizer). Os resultados do ensaio clínico que levou à aprovação desta vacina documentaram uma eficácia de 95%, incluindo em voluntários com maior risco de doença grave COVID-19 (asma, doença pulmonar crónica, diabetes, hipertensão arterial ou índice de massa corporal ≥ 30 kg/m2).
A vacinação contra a COVID-19 prevê 2 administrações com intervalo de 3-4 semanas. Considera-se necessário um intervalo de 7 dias após a última administração para o desenvolvimento de uma resposta robusta e eficaz.
Os ensaios clínicos que documentaram a eficácia das vacinas contra a COVID-19 incluíram milhares de voluntários, sem um aumento significativo de efeitos laterais, ou da sua gravidade, nos doentes submetidos a vacinação comparativamente com os indivíduos que não receberam a vacina (placebo).
Tal como com a utilização de outros medicamentos, a utilização generalizada da vacina, com aplicação em milhões de pessoas, poderá evidenciar alguns efeitos muito raros não detetáveis durante os ensaios clínicos.
Por este motivo, a vacina contra a COVID-19 é considerada segura, mantendo-se em paralelo uma vigilância ativa com notificação e registo de efeitos adversos não previstos.
Tal como noutras vacinas, a vacina contra a COVID-19 pode originar alguns efeitos laterais. De uma forma geral, quando ocorrem, estes efeitos são ligeiros e de curta duração. As queixas mais frequentemente descritas, foram:
Se houver persistência das queixas por mais de 1 semana, ou febre por mais de 2-3 dias, deve contactar o seu médico assistente.
Não. Não existe risco de infeção pela vacina.
Contudo, se tiver contraído o vírus nos dias antes ou após a vacina, o aparecimento das primeiras queixas relacionadas com a COVID-19 pode coincidir com o período após vacinação.
Considera-se que a maioria das pessoas que tiveram COVID-19 adquiriu proteção contra o vírus, por 3-6meses. Contudo, como ainda não há certezas acerca da duração dessa proteção, a vacinação contra a COVID é considerada segura e benéfica mesmo em doentes com infeção prévia.
Atendendo à necessidade de priorização de vacinas no contexto atual, pessoas com infeção prévia COVID-19 serão vacinadas posteriormente.
Sim! Mesmo após a vacinação deve manter todos os comportamentos de redução de risco de infeção, incluindo a utilização de máscara, lavagem frequente das mãos com água e sabão e distanciamento social.
Apesar da elevada eficácia, a vacinação não garante proteção completa contra a infeção. Mais ainda, desconhece-se se a vacinação impede, ou não, a infeção assintomática, podendo tornar-se portador e transmissor do vírus.
Sim. A Gripe e a COVID-19 são ambas doenças respiratórias infeciosas, mas são causadas por vírus diferentes. Assim, a vacinação contra a gripe não previne a COVID-19.
Doentes com cancro constituem um grupo de maior risco para doença COVID grave, com maior risco de morte comparativamente com a população geral. Doentes com cancro do pulmão, estão associados a um risco ainda mais elevado, sobretudo se tiverem doença ativa e avançada. Apesar do maior risco de doença grave e de morte, ainda não há dados robustos sobre se estes doentes têm maior risco de ter infeção (incidência). A percentagem de doentes com cancro incluídos nos ensaios clínicos da vacina é muito pequena. Com base no conhecimento relacionado com outras vacinas com um mecanismo de atuação semelhante à vacina contra a COVID, assume-se que a sua eficácia e segurança sejam semelhantes às dos indivíduos sem cancro.
De uma forma resumida, o benefício da vacinação em doentes com cancro, incluindo doentes com cancro do pulmão, parece claramente superar os riscos e dúvidas ainda existentes.
O momento ideal para a administração da vacina em doentes com cancro deve ser antes do início do tratamento. Contudo, se se encontrar já em tratamento, é adequada a vacinação durante o tratamento no momento a definir com o seu médico assistente.
A vacinação de doentes oncológicos com doença ativa, incluindo doentes com cancro do pulmão está prevista para a Fase 2 do plano de vacinação contra a COVID, a partir de Abril de 2021.
Contudo, doentes com cancro do pulmão que tenham ≥50 anos e outra doença: Insuficiência cardíaca, Doença coronária, Insuficiência renal, doença pulmonar obstrutiva crónica ou doença respiratória crónica sob suporte ventilatório e/ou oxigenoterapia de longa duração, deverão ser convocados para a vacinação na fase 1, a partir de Fevereiro de 2021.
Portugal adquiriu cerca de 22 milhões de doses, no âmbito dos acordos entre seis empresas farmacêuticas e a União Europeia. As seis empresas são Astrazeneca, BioNTech/Pfizer, Moderna, Curevac, Janssen e Sanofi/GSK.
Considerando as especificidades de cada caso bem como as preferências do doente, o seu médico assistente é a pessoa mais indicada para o orientar.
Bibliografia: