A 4 de Fevereiro comemora-se internacionalmente o Dia Mundial do Cancro. Nesta data, o GECP enaltece o esforço dos profissionais de Saúde que trabalham na área da Oncologia em continuar a oferecer os melhores cuidados aos doentes com cancro, apesar de todos os constrangimentos provocados pela Pandemia por COVID-19.
Trabalhar em Oncologia, embora encarado como gratificante pela maioria, é reconhecidamente um enorme desafio. Os profissionais desta área estão particularmente em risco de sofrer de ansiedade, depressão e, em particular, burnout, que se caracteriza por exaustão física e emocional, despersonalização e percepção diminuída de realização pessoal. Este risco advém de vários factores: angústia de lidar com o sofrimento dos doentes com cancro e seus cuidadores, frustração perante uma doença muitas vezes incurável, vigência de uma cultura de negação da morte, administração de terapias potencialmente tóxicas, aumento da carga de trabalho devido ao crescente número de casos de cancro e redução de recursos humanos disponíveis, expansão contínua do conhecimento científico, burocratização da atividade clínica, requisitos de produtividade crescentes, entre outros.
Aos desafios já habitualmente inerentes a esta área, acrescem agora novos que a pandemia por COVID veio trazer. Os profissionais de saúde enfrentam o receio de se infectar pelo vírus no local de trabalho, e de serem veículo de infecção para os seus familiares, e para os doentes. A utilização dos equipamentos de proteção individual, causa desconforto físico, é consumidora de tempo, e dificulta a comunicação verbal e não verbal. O atraso no diagnóstico das doenças oncológicas que está a ocorrer desde o início da pandemia, nomeadamente do cancro do pulmão, leva a que os doentes cheguem com doença numa fase mais avançada, mais sintomáticos, com pior estado geral, e com consequente aumento da mortalidade. Os doentes estão mais ansiosos por terem que lidar com os receios acrescidos da infecção por COVID, nomeadamente que possa prejudicar o tratamento do cancro. Assegurar a segurança dos doentes nos Hospitais obrigou a uma profunda reestruturação dos circuitos e rotinas, em constante mudança, obrigando a um enorme esforço de adaptação por parte dos profissionais. Numa tentativa de demonstrar esta realidade, a Task-Force de Resiliência da Sociedade Europeia de Oncologia Médica (ESMO) realizou dois inquéritos sequenciais e Oncologistas Europeus durante a pandemia, mostrando um aumento da sensação de esgotamento. Apesar de já haver alguns estudos que tentam quantificar este fenómeno, ainda há muito trabalho a fazer nesta área.
Apesar de todos os constrangimentos, os profissionais de saúde continuam a trabalhar de forma empenhada, para garantir que os doentes podem e devem continuar a recorrer ao Hospital para fazer os exames e tratamentos necessários, confiando que tudo está a ser feito para que o seu percurso seja célere e seguro, e que irão encontrar equipas ainda mais disponíveis para os ajudar a ultrapassar esta fase difícil.
Por tudo o que foi exposto, o GECP entendeu que esta data é uma oportunidade para, mais do que nunca, reconhecer e elogiar o esforço dos profissionais de saúde em tentar manter a qualidade dos cuidados que prestam aos doentes com cancro, neste cenário tão desafiante que vivemos.
A todos eles, o nosso sincero OBRIGADO.